Na América Latina, a expansão dos ensaios clínicos patrocinados pela indústria farmacêutica transnacional tem levantado sérias questões éticas e regulatórias.
A Colômbia se consolida como um centro regional para esse tipo de pesquisa. Nesse panorama complexo e cheio de tensões entre inovação, economia e bioética, propomos uma série de reflexões que apresentamos em formato de entrevista. Natalia Castrillón entrevista Nuria Homedes (NH) e Bernardo Useche (BU).
NH. Não se sabe exatamente quantos ensaios clínicos são iniciados globalmente em um determinado ano, mas são milhares. Apenas na Colômbia, a cada ano, registram-se mais de 60 ensaios clínicos financiados pela indústria farmacêutica. Também sabemos que as agências regulatórias de referência (FDA, EMA) aprovam — em um bom ano — de 40 a 50 novos produtos, mas, desses, segundo as próprias agências e boletins independentes sobre medicamentos, apenas um ou dois acrescentam algum valor terapêutico aos tratamentos existentes.
Há anos em que nenhum dos medicamentos recém-aprovados é superior ao tratamento padrão, e há anos em que surge um medicamento realmente revolucionário. O que geralmente ocorre é que esses novos medicamentos são mais caros que os já existentes.
Outro ponto a considerar é que, de acordo com dados da própria indústria, apenas cerca de 10% dos produtos testados em ensaios clínicos com seres humanos (da Fase I à Fase III) acabam sendo aprovados pelas agências reguladoras de referência. Ou seja, muitas moléculas ficam pelo caminho. Esses percentuais variam por especialidade — são mais positivos em doenças respiratórias e piores no caso de produtos oncológicos. Esses números poderiam melhorar com o uso da farmacogenômica.
No entanto, a maioria dos ensaios clínicos realizados na América Latina é de Fase III, e a taxa de sucesso desses ensaios é de cerca de 50%. Assim, podemos presumir que apenas metade dos produtos experimentais testados em ensaios de Fase III na região será aprovada pelas agências reguladoras de referência — e, levando em conta que apenas metade dos participantes recebe o medicamento experimental (a outra metade costuma receber o tratamento habitual ou placebo), fica claro que apenas uma parte dos participantes se beneficia.
Também é importante lembrar que alguns efeitos adversos de medicamentos só se tornam conhecidos quando aumenta o número de pessoas que os utilizam. Por isso, há quem recomende não consumir medicamentos novos até sete anos após sua aprovação, para que haja tempo de conhecer seu perfil de segurança [1]. As informações disponíveis indicam que a maioria dos produtos que se revelam inseguros quando usados pela população geral é retirada do mercado dentro desse período.
NH. O principal risco para os participantes é o uso de um produto experimental — ou seja, eles fazem parte de um experimento. Essa palavra praticamente desapareceu do vocabulário usado para falar de ensaios clínicos [2], inclusive em países de língua espanhola, devido às conotações negativas de dizer que se está se fazendo “experimentação em seres humanos”. Costumamos nos referir aos ensaios como protocolos, projetos ou estudos.
Outro risco identificado pela agência reguladora de ensaios clínicos do Peru é que os participantes nem sempre seguem as orientações do pesquisador principal ou do coordenador do estudo. Isso não ocorre por má intenção, mas por ignorância ou para “não incomodar”. Eles desconhecem a importância de seguir corretamente as instruções e o impacto disso nos resultados. Às vezes, quando se sentem mal após tomar o medicamento à noite ou no fim de semana, não informam à equipe de pesquisa para não incomodar [3].
A agência peruana descobriu que muitos participantes tomavam outros medicamentos ou produtos de medicina tradicional e não informavam o médico pesquisador. Alguns recorriam a prontos-socorros sem mencionar que participavam de um ensaio clínico; outros tomavam apenas metade da dose prescrita. Essas informações nem sempre eram compartilhadas com o pesquisador, pois temiam ser excluídos do “projeto” (protocolo) [4].
Vale destacar que os participantes costumam estar muito satisfeitos com o atendimento, a privacidade e os exames realizados. Sentem-se bem cuidados e, muitas vezes, não têm consciência dos riscos envolvidos no produto experimental ou nos procedimentos clínicos realizados.
NH. Sim, o termo de consentimento informado prevê isso, mas muitos participantes o assinam sem ler. E, quando leem, é reconhecido que não entendem. Fazem o que lhes é dito porque confiam no médico — e, em alguns casos, há indução indevida por parte do recrutador.
No estudo realizado no Peru, alguns entrevistados relataram: “O médico me disse que, se eu fosse sua filha, me inscreveria no ensaio”; “Disse que, se eu participasse, me curaria”; ou “Que, se participasse, teria acesso ao melhor tratamento; caso contrário, apenas ao do setor público.”[5]
Às vezes, o participante lê o termo apenas ao chegar em casa — mas esses documentos são cada vez mais longos, cheios de termos técnicos que nem mesmo membros de Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) compreendem. É muito difícil transmitir todas as informações necessárias em um único documento.
A maioria dos entrevistados sabia que deveria ir ao centro de pesquisa caso se sentisse mal, mas não o fez para não incomodar ou porque não associou o problema à participação no ensaio.
NH. A regulamentação da maioria dos países latino-americanos exige que os CEP acompanhem os participantes, mas isso é feito com base apenas nos documentos fornecidos pelo pesquisador principal, pelo patrocinador ou pelas agências reguladoras. Eles não conversam diretamente com os participantes, o que os impede de acessar informações importantes — como as descobertas pela agência peruana.
Apenas dois hospitais de uma província de Buenos Aires contrataram profissionais para verificar se os participantes compreendem o termo de consentimento antes de assiná-lo, mas não há acompanhamento posterior. Esse acompanhamento seria essencial tanto para assegurar a integridade dos dados coletados quanto para proteger os participantes. Alguns CEP têm interesse em adotar esse tipo de monitoramento, mas não têm tempo nem recursos — e a atividade não é remunerada.
NH. Isso depende do protocolo. Existem várias metodologias para tentar documentar a adesão ao tratamento, mas o problema é que os participantes desejam agradar o pesquisador — querem permanecer no estudo e, por isso, nem sempre compartilham todas as informações.
Os entrevistados no estudo do Peru relataram: “Por favor, não conte ao pesquisador, senão ele me expulsará do estudo.”
A pessoa encarregada de entrevistar os participantes precisa conquistar sua confiança — ser alguém em quem eles possam confiar, que não os “delate” e que demonstre preocupação genuína com sua segurança e saúde.
NH. Há alguns anos, em 2015 e 2016, revisamos os medicamentos aprovados pela FDA em 2012 que haviam sido testados na América Latina — eram 33 — e descobrimos que 30% não haviam sido registrados nem comercializados em nenhum dos países latino-americanos onde foram testados. As empresas farmacêuticas simplesmente não tinham interesse em comercializar esses medicamentos nesses países e, portanto, não os registraram. Em alguns casos, chegaram a registrá-los, mas não os colocaram no mercado, esperando que as condições fossem mais favoráveis Apenas 25% dos medicamentos (n=8) foram comercializados em todos os países onde haviam sido testados. Entre esses medicamentos, apenas um custava menos que um salário mínimo mensal; a imensa maioria custava mais de cinco salários mínimos, e em um caso chegou a custar 899 vezes o salário mínimo mensal. [6]
Além disso, boletins independentes de medicamentos haviam avaliado a vantagem comparativa de 26 desses novos medicamentos em relação aos tratamentos existentes. Dez foram classificados como “não usar”; apenas cinco foram considerados possivelmente superiores para populações especiais, geralmente pequenas; e apenas três desses medicamentos haviam sido comercializados nos países onde foram testados.
Em outras palavras, a maioria dos medicamentos testados na América Latina, quando comercializados, se mostrou inacessível para a maioria da população e dos sistemas de saúde da região. Além disso, a maioria não é superior aos tratamentos existentes.[7]
NH. As fragilidades que identificamos na América Latina não são exclusivas da região — também estão presentes em países de alta renda. O primeiro problema é que um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) pode ser constituído com apenas cinco membros. Na maioria dos casos, os CEP são maiores (entre 7 e 15 pessoas), para garantir quórum. Esses comitês avaliam todos os tipos de projetos: desde ensaios clínicos com medicamentos financiados pela indústria, até teses de estudantes e ensaios com dispositivos médicos.
Além disso, trata-se de uma função mal remunerada, e com frequência os membros trabalham de forma voluntária (ad honorem). Como resultado, nem todos os CEP que analisam protocolos de ensaios clínicos com medicamentos contam com especialistas clínicos na área em que o produto será aplicado, nem com metodologistas especializados em ensaios clínicos. Assim, embora esses comitês possam avaliar teses de estudantes, muitos não têm a capacidade técnicanecessária para avaliar o desenho dos ensaios clínicos apresentados pela indústria, que normalmente são muito bem elaborados.
Os CEP têm a possibilidade de consultar especialistas externos, mas poucos o fazem.
Outro problema é que os ensaios clínicos são um negócio. Isso não aparece nos formulários de consentimento informado, embora haja debate sobre se deveria constar. Tanto os pesquisadores principais quanto os centros de pesquisa se beneficiam economicamente da realização de ensaios clínicos. Muitos CEP incluem membros que realizam ou já realizaram ensaios patrocinados pela indústria e, portanto, têm um viés — nem sempre reconhecido — de favorecer seus colegas. É o conhecido “hoje por você, amanhã por mim.”
Também se sabe que, em alguns casos, os administradores de hospitais ou centros de pesquisa impõem sua vontadepara que determinados ensaios sejam realizados.
É importante destacar que a maioria dos CEP não tem acesso aos contratos entre o patrocinador e o pesquisador e/ou o centro de pesquisa, o que os impede de avaliar se há cláusulas que possam induzir violações dos critérios de inclusãoou a manutenção de pacientes que deveriam ser retirados do estudo.
O resultado final é que os CEP tendem a aprovar os ensaios clínicos apresentados pela indústria, o que contrasta com as observações de metodologistas de renome sobre a qualidade duvidosa do desenho de muitos desses ensaios.
Os países, por sua vez, competem para aprovar o mais rapidamente possível os ensaios patrocinados pela indústria, a fim de atrair mais estudos. Membros de CEP entrevistados em vários países da América Latina (Argentina, México, Costa Rica, Panamá, Peru e Colômbia) afirmaram que, ao avaliar ensaios clínicos financiados pela indústria, não costumam solicitar alterações, pois isso atrasaria o recrutamento de participantes e poderia prejudicar o pesquisador e a instituição.[8]
Em resumo, a maioria dos CEP — embora não todos — tende a aprovar os ensaios clínicos patrocinados pela indústria. A proporção de estudos rejeitados é muito baixa e, em geral, se deve a problemas administrativos.
Uma possível solução seria profissionalizar os CEP que recebem ensaios clínicos patrocinados, de modo que sua avaliação seja feita por especialistas na área temática. Isso não eliminaria os CEP institucionais, que poderiam aCEPtar ou rejeitar o parecer do CEP especializado, mantendo-se responsáveis por monitorar e proteger os participantes.
Na verdade, acho que não deveria se consolidar. Não vejo vantagens nisso…
Agências internacionais e governos argumentam que é importante realizar ensaios clínicos para: (1) dinamizar a economia e (2) desenvolver a capacidade de pesquisa.
No entanto, não encontramos evidências que sustentem esses argumentos.
Segundo dados da própria indústria, em 2016, cada ensaio clínico realizado em um país latino-americano gerava entre um e dois milhões de dólares. No caso da Colômbia, isso representaria cerca de US$ 140 milhões (talvez o dobro, considerando externalidades) [9]. No entanto, isso não representa lucro líquido, pois é preciso descontar os gastos do INVIMA com a aprovação e supervisão dos ensaios, bem como os custos operacionais dos CEP.
Também é necessário considerar os custos médicos das pessoas que participam dos ensaios e sofrem eventos adversos, frequentemente cobertos pelo erário público ou por seguradoras, além do tempo do pessoal de saúdeenvolvido no recrutamento e na verificação dos critérios de inclusão. Em muitos casos, esses custos não são pagos pelos patrocinadores, recaindo sobre o setor público, sobre as seguradoras ou sendo absorvidos pelos próprios profissionais.
Até onde sabemos, ninguém calculou o montante total investido pelos países para permitir que a indústria realize ensaios clínicos. Assim, o benefício líquido desses ensaios para a economia colombiana — ou de qualquer outro país — é desconhecido.
Outro argumento frequentemente usado é que os ensaios clínicos contribuem para o desenvolvimento científico. No entanto, temos sérias reservas quanto a essa afirmação, pois o que os cientistas realmente precisam aprender é a elaborar projetos de pesquisa e analisar os dados obtidos.
A grande maioria dos que participam de ensaios patrocinados pela indústria não participa do desenho da pesquisa nem da análise dos resultados — limitam-se a coletar dados. Isso não é capacitação científica; é apenas administração de um projeto desenhado em países de alta renda, onde também são analisados os dados coletados na Colômbia.
Para fortalecer de fato as capacidades de pesquisa, seria necessário investir em bolsas de estudos de doutorado, tanto na Colômbia quanto no exterior.
BU. A Dra. Homedes realizou uma análise que revela informações importantes e pouco conhecidas sobre os ensaios clínicos conduzidos por multinacionais farmacêuticas. Dois pontos, em especial, chamam a atenção: (1) O fato de que são muito poucos os produtos farmacêuticos resultantes desses experimentos clínicos que, uma vez aprovados e lançados no mercado, realmente trazem algo novo ao tratamento de pacientes que já dispõem de medicamentos existentes. (2) Que esses ensaios clínicos são um excelente negócio, no qual a indústria, os centros de pesquisa, os investigadores e as agências ou profissionais que recrutam participantes se beneficiam, enquanto os pacientes pouco ou nada ganham com isso.
O caso de Carolina Jiménez, na Colômbia, é ilustrativo: apesar do que estava previsto no termo de consentimento informado, a participante não foi informada dos resultados do ensaio clínico que comprometiam gravemente sua saúde [10].
Na Colômbia, cresce o número de ensaios clínicos realizados pela indústria em busca de novos medicamentos patenteáveis, aproveitando-se das vantagens concedidas pelos tratados de livre comércio com a Europa e os Estados Unidos. Além disso, o governo de Gustavo Petro, por meio de um decreto presidencial recente, manteve em vigor as normas de propriedade intelectual estabelecidas nesses tratados [11].
De acordo com o relatório da Associação Colombiana de Centros de Pesquisa Clínica (ACIC) de 2024, 160 centros de pesquisa estavam conduzindo 332 ensaios clínicos, aos quais se somaram naquele ano outros 29 estudos, totalizando US$ 73 milhões. Desses 361 experimentos, 89 foram patrocinados pela Merck Sharp & Dohme, 37 pela Novartis, 27 pela AstraZeneca e 19 pela Bristol Myers [12].
Segundo a Associação de Laboratórios Farmacêuticos de Pesquisa e Desenvolvimento (AFIDRO), até 28 de agosto de 2025, já havia mil estudos clínicos em andamento na Colômbia [13].
As multinacionais farmacêuticas, por meio da AFIDRO, pretendem “consolidar a Colômbia como um hub regional de pesquisa” na América Latina. Na minha opinião, com essa estratégia, a indústria busca ampliar sua posição dominante em um mercado em expansão entre a população idosa, competir com a China [14] — que se consolidou como potência mundial em pesquisa clínica — e compensar a perda de rentabilidade decorrente do controle de preços imposto nos Estados Unidos pelo presidente Trump, por meio de várias ordens [15] executivas presidenciais [16].
Parte integrante dessa estratégia é o lobby para que os governos latino-americanos aumentem o orçamento da saúde.Segundo a diretora-executiva da Associação Colombiana da Indústria Farmacêutica (ASCIF), na Colômbia, os medicamentos já representam entre 25% e 30% da Unidade de Pagamento por Capitação (UPC).
(Nota de SyF: A UPC é o valor que o Estado colombiano paga por cada cidadão; esse valor varia conforme o ciclo de vida, o regime de afiliação ao sistema de seguridade social — contributivo ou subsidiado — e a área geográfica.)
Considerando que os produtores de medicamentos patenteados buscam obter uma fatia maior dos recursos públicos, é possível prever que, na medida em que essa projeção se concretize, a sustentabilidade financeira do sistema de saúde colombiano será seriamente comprometida.
Não há dúvida de que as multinacionais continuarão a ser atores-chave no mercado farmacêutico latino-americano, mas torna-se fundamental fortalecer a indústria nacional. Trata-se de uma questão de segurança e soberania farmacêutica
[1] Sidney M Wolfe. The seven-year rule for safer prescribing. Aust Prescr 2012;35:138-9 https://australianprescriber.tg.org.au/articles/the-seven-year-rule-for-safer-prescribing-1.html
[2]Elliott, C. Whatever Happened to Human Experimentation? Hastings Center Report, 2016;46: 8-11. https://doi.org/10.1002/hast.531
[3]Minaya G, Fuentes D, Ugalde A, Homedes N. A missing piece in clinical trial inspections in Latin America: interviews with research subjects in Peru. Journal of Empirical Research on Human Research Ethics; 2017;12(4) 232–245. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28728496/
[4]ibid
[5]Ibid
[6]Homedes N, Ugalde A. Ensayos clínicos en América latina: implicancias para la sustentabilidad y seguridad de los mercados farmacéuticos y el bienestar de los sujetos. Salud Colectiva 2016; 12(3): 317-345 https://revistas.unla.edu.ar/saludcolectiva/article/view/1073
[7]Ibid
[8]Puede leer los resultados de estas entrevistas en https://www.saludyfarmacos.org/publicaciones/informes/
[9]Pugatch Consilium. Challenges and Opportunities -Developing the biotechnology sector in Colombia. 2016. https://www.pugatch-consilium.com/reports/Challenges%20and%20Opportunities_v6.pdf
[10]Palacios C. La Country me usó como conejillo. El Tiempo, 29 de agosto de 2025. https://www.eltiempo.com/opinion/columnistas/la-country-me-uso-como-conejillo-3485283
[11]Ministerio de Salud y Protección Social. Decreto Presidencial 858 de 2025, artículo 2.11.2.4.2. Mecanismos de participación para la investigación, desarrollo y producción nacional de Tecnologías Estratégicas en Salud. https://www.funcionpublica.gov.co/eva/gestornormativo/norma.php?i=261736
[12]Asociación Colombiana de Centros de Investigación Clínica (ACIC). Resumen de la Medición del aporte económico de la investigación clínica en Colombia, Estudio 2024. https://aciccolombia.org/wp-content/uploads/2025/03/INFOGRAFIA.pdf
[13]Asociación de Laboratorios Farmacéuticos de Investigación y Desarrollo (AFIDRO). La investigación clínica. Consultado 28-08-2025. https://afidro.org/la-investigacion-clinica/
[14]Bruckner T. New study shows that China is now a global powerhouse of clinical research. TranspariMed, 26 de mayo de 2025. https://www.transparimed.org/single-post/new-study-shows-that-china-is-now-a-global-powerhouse-of-clinical-research
[15]Presidency Executive Order 14273 of April 15, 2025; https://www.federalregister.gov/documents/2025/04/18/2025-06837/lowering-drug-prices-by-once-again-putting-americans-first
[16]Presidency Executive Order 14297 of May 12, 2025; https://www.federalregister.gov/presidential-documents/executive-orders/donald-trump/2025