Atualmente, grande parte das pesquisas médicas e em saúde é desperdiçada devido a desenhos de estudo ou análises inadequadas. Os projetos de pesquisa poderiam ser aprimorados com a revisão especializada de um estatístico qualificado.
O processo de revisão ética é uma etapa ideal para essa contribuição; porém, não sabemos quantos comitês de ética na Austrália têm acesso a um estatístico qualificado. Para responder a essa pergunta, entramos em contato com todos os comitês de ética em pesquisa com seres humanos no país.
Sessenta por cento dos comitês tinham acesso a um estatístico qualificado, seja como membro pleno do comitê ou como consultor externo disponível quando necessário; no entanto, esse percentual caiu para 35% quando consideradas apenas as qualificações estatísticas formais. Muitos comitês contam com pesquisadores com elevada habilidade numérica em vez de estatísticos qualificados, pois consideram a experiência em pesquisa e o treinamento avançado em estatística como equivalentes.
Os comitês sem acesso a estatísticos tendem a atribuir a responsabilidade pelo desenho do estudo a outras partes, como os próprios pesquisadores, patrocinadores do ensaio e instituições. Alguns presidentes de comitês consideram a contribuição estatística formal essencial para o trabalho do comitê. Contudo, também é comum a crença de que a revisão estatística se aplica apenas a certos desenhos de estudo, e que estudos “simples” ou “pequenos” não precisam passar por essa avaliação. Observamos uma variação surpreendente nas práticas e nas posturas em relação ao uso de estatísticos nos comitês de ética em pesquisa. O elevado número atual de estudos aprovados sem revisão estatística expõe o risco de se autorizar pesquisas que, na melhor das hipóteses, desperdiçarão recursos e, na pior, poderão causar danos devido a evidências falhas.