A ordem de suspensão de trabalhos emitida em janeiro de 2025 pelo governo Trump provavelmente afetou 32 ensaios clínicos financiados pela USAID, conduzidos em 25 países e envolvendo até 94 mil participantes, segundo um novo relatório da organização Public Citizen.
Os ensaios clínicos abrangiam temas de saúde como doenças infecciosas, saúde infantil e programas de nutrição, além de saúde reprodutiva. A Public Citizen constatou que o congelamento do financiamento resultou em demissões de equipes, preocupações com a segurança dos pacientes e desperdício de tempo e de recursos dos contribuintes norte-americanos.
Alguns dados principais:
No momento, é impossível conhecer todos os efeitos da ordem de suspensão. Os registros públicos sobre projetos financiados pela USAID foram apagados, e os pesquisadores afetados relutam em falar ou foram proibidos de discutir plenamente os impactos. Nenhum responsável pelos ensaios aceitou fornecer informações sem garantia de anonimato.
A suspensão repentina e sem justificativa médica dos ensaios clínicos representou uma grave violação da ética em pesquisa, com potencial para colocar em risco a saúde dos participantes e a integridade científica dos estudos.
“A condução ética de ensaios clínicos é uma obrigação de pesquisadores, instituições de pesquisa e financiadores — não uma escolha”, afirmou Nina Zeldes, Ph.D., pesquisadora em saúde do Health Research Group da Public Citizen e autora principal do relatório. “Os pesquisadores ficaram impossibilitados de proteger o bem-estar dos participantes e de cumprir suas obrigações éticas sem violar a ordem de suspensão.”
Os outros autores do relatório são Greg Dudzik, M.D., MPH e Robert Steinbrook, M.D., respectivamente pesquisador e diretor do Health Research Group da Public Citizen.
“Os amplos efeitos da ordem de suspensão de trabalhos do governo Trump devem servir como um alerta para o Congresso e para futuras administrações”, disse Steinbrook. “Interromper abruptamente os ensaios foi um ato escandaloso.”
Referência