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Conflitos de Interesses

Gestão de conflitos de interesses na EMA: fracasso crônico

(Management of conflicts of interest at the EMA: chronic failure)
Prescrire International 2025; 34 (271): 143
Traduzido por Salud y Fármacos, publicado em Boletim Fármacos: Ética 2025; 3(4)

Tags: conflitos de interesses na EMA, fracasso da EMA na gestão de conflitos de interesses, resultados da auditoria da Comissão Europeia 2009, dificuldades na gestão de conflitos de interesses

No final de 2024, a EMA (Agência Europeia de Medicamentos) promoveu uma consulta pública sobre sua política para lidar com os conflitos de interesses dos especialistas que convoca para participar de diversas atividades da Agência. A EMA há muito tempo falha na gestão de conflitos de interesses (1).

Graças, em especial, ao trabalho do Fórum de Medicamentos na Europa, cofundado pela Prescrire, o regulamento europeu de 2004 que criou a EMA exigia que ela publicasse quaisquer conflitos de interesses de seu quadro de funcionários e dos especialistas que pudessem “prejudicar sua independência” (2).

Após dois anos e uma queixa da Formindep (uma organização francesa sem fins lucrativos que defende a informação médica independente) ao Provedor de Justiça Europeu, foram finalmente publicados os resultados de uma auditoria da Comissão Europeia de 2009, que revelou muitos casos em que a EMA não conseguiu fazer valer as suas próprias regras: havia omissões de informações nos formulários de declaração de conflitos de interesses, havia chefes de equipe de produtos que haviam trabalhado recentemente com as farmacêuticas que fabricavam os produtos que agora supervisionavam, etc. (3). Essa auditoria foi uma das razões pelas quais o Parlamento Europeu se recusou a aprovar a gestão dos orçamentos da EMA para 2009 e 2010 (2-4).

Em 2012, em resposta à pressão do Parlamento, a EMA reforçou sua política para lidar com conflitos de interesse. Posteriormente, ela a flexibilizou: em 2014, por exemplo, reduziu (e, em alguns casos, eliminou) o período de “quarentena” de três a cinco anos durante o qual os principais formadores de opinião que haviam recebido pagamentos de empresas farmacêuticas ficavam excluídos de cargos de responsabilidade, como a direção de um comitê científico (2).

Neste último caso, após uma década sem agir, a EMA levou poucos meses para propor regras mais rígidas para lidar com conflitos de interesses. Desta vez, o impulso veio da indústria farmacêutica e seu uso dos conflitos de interesses dos especialistas para atingir seus próprios objetivos (1, 5).

A nova versão preliminar da política, publicada para consulta pública em outubro de 2024, surgiu depois que um tribunal europeu anulou (em março e junho de 2024) duas recusas de autorizações de comercialização, a pedido das farmacêuticas afetadas (1). As empresas alegaram que os especialistas convocados pela EMA tinham conflitos de interesses com uma empresa rival (5).

A nova política da EMA, adotada em dezembro de 2024, exige, entre outras coisas, que os especialistas que tenham participado como investigadores em um ensaio clínico de um medicamento não se envolvam em atividades da EMA relacionadas à mesma doença por pelo menos três anos. No entanto, eles podem ser convocados como “testemunhas especialistas” (6).

Na resposta da Prescrire à consulta, nos opusemos particularmente à insinuação da EMA de que a necessidade de assessoria científica de alto nível é incompatível com a imparcialidade e independência dos especialistas [1, 7]. Como se a EMA acreditasse no mito de que interesses conflitantes comprovam a competência de uma pessoa.

Referências

  1. EMA. “Handling of competing interests: revised rules for committee members and experts”. 10 October 2024: 5 pages.
  2. English. prescrire.org > Advancing healthcare policy > Chronological recap (“The most important changes in the new legislation” [July 2004]; “EU Parliament says no and no again to EMA: Independent groups echo decision” [May 2012], “European Medicines Agency (EMA) softens its conflict of interest policy: Does this further open the door to undue influence instead of closing it?” [November 2014]).
  3. “European Medicines Agency: riddled with conflicts of interest”. Prescrire Int 2012; 21 (132): 278.
  4. “European Medicines Agency: transparency policy marred by too many failings”. Prescrire Int 2022; 31(237): 130-139.
  5. “Après les affaires Aplidin° et Hopveus°, l’EMA renforce ses règles sur les conflits d’intérêts”. APMnews 11 October 2024: 3 pages.
  6. EMA. “European Medicines Agency policy on the handling of competing interests of scientific committees’ members and experts”. 12 December 2024: 19 pages.
  7. “Prescrire’s response to public consultation on European Medicines Agency policy on handling of competing interests of scientific committees’ members and experts”. 30 October 2024: 5 pages.
creado el 10 de Noviembre de 2025