Os pacientes que estiverem tomando o anticoagulante apixaban (ELIQUIS) devem estar cientes de que esse medicamento tem interações clinicamente importantes e potencialmente perigosas com muitos outros medicamentos. O apixaban pertence a uma classe de medicamentos denominados anticoagulantes orais de ação direta (direct-acting oral anticoagulants, DOACs). A FDA aprovou o apixaban pela primeira vez em 2012 para diminuir o risco de acidente vascular cerebral e embolia sistêmica (um coágulo de sangue alojado dentro de um vaso sanguíneo) em pacientes com fibrilação atrial não valvular (tipo comum de ritmo cardíaco irregular não causado por um problema na válvula cardíaca) [1]. Subsequentemente, foi aprovado para tratar e reduzir o risco de recorrência de trombose venosa profunda (um coágulo de sangue em uma veia grande, geralmente na perna) e embolia pulmonar (que ocorre quando um coágulo de sangue bloqueia uma das artérias dos pulmões). Em pacientes submetidos à cirurgia de substituição de quadril ou de joelho, o apixaban também é indicado para reduzir o risco de trombose venosa profunda e embolia pulmonar. O apixaban está disponível em doses de 2,5 ou 5 miligramas e é tomado por via oral duas vezes ao dia.
Baseado em uma revisão recente dos dados de eficácia e segurança na edição de abril de 2024 da Worst Pills, Best Pil News, o Grupo de Pesquisa em Saúde Public Citizen alterou nossa designação de apixabana de Não Usar para Uso Limitado [2]. Designamos todos os outros DOACs, incluindo rivaroxabana (XARELTO) e dabigatrana (PRADAXA e genéricos), como Não Usar porque as diversas preocupações de segurança associadas a esses medicamentos excedem seus benefícios.
Interações medicamentosas do apixaban
Embora as interações que ocorrem quando dois medicamentos são tomados juntos (interações medicamentosas) sejam relativamente comuns para todos os medicamentos, os pesquisadores estimam que a maioria dos pacientes com fibrilação atrial tratados com um anticoagulante oral tomará pelo menos um outro medicamento que interage com o anticoagulante [3]. Essas interações ocorrem com mais frequência em idosos, naqueles que têm vários problemas de saúde e naqueles que tomam vários medicamentos concomitantemente (ao mesmo tempo) [4].
As duas interações medicamentosas mais preocupantes para os DOACs são com medicamentos que aumentam a ação do apixaban (causando sangramento) ou diminuem seus efeitos (causando eventos trombóticos) [5]. É importante observar que, embora essas sejam as principais preocupações para todos os DOACs, existem algumas diferenças entre os medicamentos dessa clase [6]. Este artigo discutirá as interações medicamentosas somente do apixaban.
Medicamentos que aumentam o risco de sangramento
Todos os anticoagulantes podem aumentar o risco de sangramento grave ou com risco de morte [7, 8] Esse risco é particularmente alto quando o apixaban é tomado junto com outros medicamentos que também podem causar sangramento, como outros anticoagulantes (incluindo varfarina [JANTOVEN e genéricos]) ou antiplaquetários (como aspirina [BAYER e genéricos]) [9]. Adicionalmente, vários outros medicamentos podem inibir (ou desacelerar) certas enzimas hepáticas responsáveis pela metabolização da apixabana, incluindo anti-inflamatórios não esteróides, antidepressivos e antifúngicos. [10] Quando esses medicamentos são tomados concomitantemente com a apixabana, eles podem aumentar a concentração sanguínea do apixaban, levando a um maior risco de sangramento. Exemplos de medicamentos de via oral que podem aumentar o risco de sangramento do apixaban são mostrados na Tabela 1, abaixo.
Medicamentos que aumentam o risco de eventos trombóticos
Alguns outros medicamentos induzem (ou estimulam) enzimas do fígado, como o citocromo P450 3A4, que reduzem os níveis sanguíneos de apixaban, fazendo com que o medicamento seja menos eficaz no tratamento ou na prevenção de coágulos sanguíneos e derrames [13, 14]. Os medicamentos que reduzem a eficácia do apixaban incluem certos antibióticos e medicamentos anticonvulsivos, assim como o suplemento de erva de São João. É importante notar que, embora certos medicamentos, como a carbamazepina (CARBATROL, EPITOL, EQUETRO, TEGRETOL, TERIL e genéricos) e a fenitoína (DILANTIN, PHENYTEK e genéricos), diminuam os níveis sanguíneos de apixabana, esse risco é muito maior com outros DOACs, como dabigatran e rivaroxabán [15].
Exemplos de medicamentos orais que podem diminuir os níveis sanguíneos do apixabana e aumentar o risco de eventos trombóticos são mostrados na Tabela 2, abaixo.
O Que Você Pode Fazer
Se você estiver sendo tratado com apixaban ou precisar de tratamento com esse medicamento ou outro anticoagulante, revise todos os seus outros medicamentos com seu médico para identificar interações medicamentosas potencialmente significativas. Nunca interrompa qualquer anticoagulante sem antes falar com seu médico, pois isso pode aumentar o risco de desenvolver coágulos sanguíneos ou um derrame. Se estiver tomando um medicamento que interage com o apixaban, seu médico pode recomendar a interrupção ou o ajuste da dosagem do medicamento que tenha interação ou do apixaban, ou pode aconselhá-lo a tomar outro medicamento, como a varfarina. Esteja ciente de que os medicamentos não listados neste artigo também podem ter interações perigosas com o apixaban.
Referências