Resumo
O ano de 2024 marcou o 60º aniversário da Declaração de Helsinque (DoH) da Associação Médica Mundial (WMA). Coincidentemente, a WMA publicou a 8ª revisão deste documento histórico que orienta a pesquisa médica envolvendo seres humanos. Uma das principais mudanças nesta última revisão diz respeito à noção de vulnerabilidade, que sempre foi central para o ética da DoH. O termo “vulnerabilidade” foi explicitamente introduzido na 5ª revisão, publicada em 2000, que lista cinco grupos vulneráveis. As revisões posteriores alteraram significativamente a forma como a vulnerabilidade é retratada e entendida no documento. Este artigo traça a conceituação da vulnerabilidade nas várias versões da DoH, culminando na sua 8ª revisão, publicada recentemente. Exploramos os princípios que fundamentam cada revisão e examinamos como esses princípios influenciaram e foram influenciados por discursos éticos mais amplos. Por fim, abordamos alguns dos desafios que as revisões futuras deverão enfrentar para garantir que o documento permaneça internamente coerente e aplicável na prática, tanto para pesquisadores quanto para comitês de ética em pesquis.