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Solicitações e Retiradas do Mercado

Tianeptina: abuso e dependência

Prescrire International 2024; 33 (264): 276
Traduzido por Salud y Fármacos, publicado em Boletim Fármacos: Farmacovigilância 2025;2(4)

Tianeptina: abuso e dependência (continuação)
A tianeptina (Stablon° ou outras marcas) é comercializada em diversos países como antidepressivo. Trata-se de um medicamento mais perigoso do que útil, sem eficácia comprovada além do efeito placebo. Está associada a riscos de hepatite, reações cutâneas graves (por vezes fatais), incluindo erupções bolhosas, e dependência [1,2]. Quimicamente, a tianeptina é semelhante à amineptina, que foi retirada do mercado devido à ocorrência de hepatite, dependência, distúrbios neuropsiquiátricos e acne grave [3].

O resumo das características do produto (RCP) do Stablon°, aprovado na França, inclui advertências sobre abuso, dependência e sintomas de abstinência [4]. Desde 2012, a tianeptina está parcialmente sujeita à regulamentação aplicável a substâncias controladas no país, incluindo a limitação das prescrições a no máximo 28 dias de tratamento [2].

Em janeiro de 2024, a agência reguladora dos medicamentos dos Estados Unidos (FDA) também emitiu um alerta sobre os efeitos adversos graves da tianeptina, incluindo convulsões, coma e morte. Nos Estados Unidos, a tianeptina nunca foi autorizada como medicamento, mas está presente em suplementos alimentares comercializados sem prescrição médica em alguns estados [5,6]. Seu uso parece ter aumentado significativamente desde meados da década de 2010 [6,7].

Segundo uma análise de publicações na rede social Reddit, os motivos mais comuns para o uso e abuso da tianeptina incluem: tentativa de melhorar o humor ou a acuidade mental, automedicação para dor ou transtornos mentais, ou ainda para aliviar sintomas de abstinência associados a outras drogas recreativas [6].

A tianeptina apresenta efeitos dopaminérgicos que podem levar à dependência. Outros efeitos já demonstrados incluem atividade agonista sobre receptores opioides, especialmente no receptor mu, além de modulação de receptores de glutamato. A substância também atua promovendo a recaptação de serotonina [6,8].

Na Prática A partir de 2024, considerando a ausência de eficácia comprovada e os riscos associados, a tianeptina é um medicamento a ser evitado. Diante da insistência de empresas em continuar comercializando esse fármaco, e em nome dos interesses dos pacientes e profissionais de saúde, a Agência Nacional de Segurança de Medicamentos e Produtos de Saúde da França (ANSM) deveria restringir sua autorização de comercialização a prescrições renováveis, e posteriormente revogá-la por completo (após conceder um período de transição para que pacientes e prescritores possam ajustar os tratamentos em curso).

Referências

  1. Prescrire Editorial Staff “Towards better patient care: drugs to avoid in 2024” Prescrire Int 2024; 33 (256): 50-53 (full version: 11 pages), available for download at english.prescrire.org.
  2. Prescrire Rédaction “Tianeptine assimilée stupéfiant: retrait du marché encore reporté!” Rev Prescrire 2012; 32 (349): 822.
  3. Prescrire Editorial Staff “Welcome withdrawal of amineptine in France” Prescrire Int 1999; 8 (40): 51.
  4. ANSM “RCP-Stablon” 9 July 2019.
  5. FDA “FDA warns consumers not to purchase or use Neptune’s Fix or any tianeptine product due to serious risks” 23 January 2024: 4 pages.
  6. Wagner ML et al. “From antidepressant tianeptine to street drug ZaZa: A narrative review” Cureus 2023; 15 (6) (online): 7 pages.
  7. El Zahran T et al. “Characteristics of tianeptine exposures reported to the National Poison Data System – United States, 2000- 2017” 2018; 67 (30): 815-818.
  8. Edinoff AN et al. “Tianeptine, an antidepressant with opioid agonist effects: Pharmacology and abuse potential, a narrative review” Pain Ther 2023; 12: 1121-1134.
creado el 5 de Noviembre de 2025